“Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João. Ele não era a Luz, mas veio para dar testemunho da Luz” (Jo 1,6. 8).” Assim, o quarto Evangelho apresenta João Batista, tal como o profeta, nosso novo prefeito tem um nome programático, ou seja, no nome já disse o seu programa de vida. Porém, a mim não agrada esta imagem que os batalhenses têm feito de João Messias como o salvador da Pátria, uma espécie de Messias que os salvará das desgraças, fruto de uma administração que passará à história como uma das mais contraditórias, que em quatro anos mais nos confundiu que criou esperança, ou mesmo as realizou!
João Messias não será um salvador da Pátria, nem deverá se apresentar como tal. Por inúmeras razões sejam de ordem conjuntural, quer seja de ordem administrativa. Há que esperar muito pouco dos próximos prefeitos. Por força da má administração, muitos estados e municípios estão falidos. E a fatia mais gorda dos múltiplos impostos que pagamos é devorada pela União, que costuma tratar os municípios como o senhor da Casa Grande tratava os cães da senzala, atirando-lhes migalhas.
Daí a urgência de uma reforma tributária que inclua os entes públicos. Os prefeitos, (não falo especificamente de João Messias) quando candidatos fizeram inúmeras promessas meramente demagógicas, sem respaldo em um Plano Diretor do Município baseado em pesquisas capazes de identificar as reais prioridades e os recursos disponíveis.
Porém, diante de uma nova administração que se inicia em janeiro, creio ser necessário dizer por escrito ao nosso novo prefeito o que esperamos dele e de sua futura administração. Não faço isto movido por críticas ou interesses, até pelo fato de não participar do cotidiano da vida do município, porém, isto não me isenta de acompanhar com vivo interesse o futuro político da minha terra, e também porque tenho parentes e amigos que vivem em Batalha, e creio que muito da vida deles dependerá de como andará os encaminhamentos político-administrativos do novo cenário!
Caro João Messias, já que se elegeu, sua tarefa agora é descer do palanque e substituir a propaganda pelos fatos, as promessas pelas providências, os diagnósticos pelo tratamento. É a hora da verdade, em que terá de reconquistar a confiança da maioria do nosso povo desacreditado diante dos fatos dessa última administração catastrófica, isto significa dar respostas aos tantos votos recebidos rumo a uma reconstrução que só poderá ser operada com medidas práticas, detalhadas, concretas, a favor das “pessoas” nas áreas de educação, saúde, segurança, para só citar as mais precisadas.
No Brasil de hoje, o mínimo que se exige de qualquer prefeito é não roubar, não deixar roubar, não mentir. Espera-se do novo prefeito que escolha seus colaboradores sem fisiologismo e toma lá dá cá, que valorize mais a competência do que os padrinhos, que instaure a meritocracia na prefeitura. Evite a parentela, que compromete a visibilidade e favorece o nepotismo, prática horrenda que precisa ser banida dos quadros funcionais.
Que em seu primeiro ato como prefeito de fato, monte um secretariado estritamente técnico, evitando o loteamento da máquina pública entre políticos fichas-sujas ou nomes suspeitos, mas perceba que Batalha tem gente suficientemente qualificada para as funções administrativas, sem importar de fora, desvalorizando os nomes locais qualificados.
Que respeite a oposição, aceite críticas justas, se responsabilize por seus erros. Que seja esperto para encampar bons projetos da oposição, com grandeza e espírito público. Não há bom governo sem boa oposição. Pelo menos em países civilizados. E que, durante todo o seu mandato, respeite quem não votou nele e nem o apoiou, 8.924 votos, pois não será o prefeito só de quem votou nele, mas de todos, inclusive dos 1.084 votos nulos e brancos, e prove ser merecedor dos 7.348 votos recebidos.
Todo prefeito é assediado por empresas interessadas em arrancar-lhes dinheiro. Se não houver transparência de um lado e mecanismos de controle do outro, certamente serão beneficiadas, via licitações fajutas, obras de amigos e de amigos dos amigos…
Que tenha tolerância zero com a criminalidade que se espalha a céu aberto, sobretudo, como consequência da falta de políticas de prevenção e repressão ao tráfico de drogas, nas periferias e nas ruas. Ao passo que valorize a cultura local, resgatando nossas tradições fundadoras, bem como subsidie projetos que apostam na juventude, proteja e cuide dos nossos idosos, e faça com que nosso povo recupere a autoestima como Povo e não como massa de manobra.
Que priorize a tecnologia, estimule novas pequenas empresas, declare guerra de morte ao clientelismo político e possa dar a notícia revolucionária: “Batalha é a cidade piauiense que mais incentiva a abertura de novas empresas e onde se gasta mais em Educação, que em festas populistas”.
Que diminua drasticamente as secretarias, o funcionalismo e principalmente cargos em comissão. E não indique políticos suspeitos para funções públicas. E que determine a publicação on-line, em tempo real, de todas as receitas e despesas da prefeitura.
Que valorize os bons professores com bônus por resultados, eles merecem mais do que ninguém que sejam respeitados nos planos de carreira, sejam lhes pagas todas as dívidas. E não ceda a pressões sindicais para nivelar por baixo os bons trabalhadores, os incompetentes e as sanguessugas.
Espera-se que trabalhe incansavelmente, acima de advérbios, partidos e ideologias, com os governos estadual e federal, para realizar o maior sonho do batalhense: Batalha agora, mesmo com atraso de décadas, dá um arranque desenvolvimentista de qualidade.
Para tentar evitar que o prefeito seja mordido pela mosca azul (símbolo do poder) e exigir de sua administração lisura e coragem de enfrentar as “forças ocultas”, hoje desvendadas pela Lava Jato, só mesmo, se nós, cidadãos e cidadãs, assumirmos o que somos: a autoridade maior do município, a quem nossos servidores, custeados com o nosso dinheiro — prefeito e vereadores —, têm a obrigação de prestar contas. Mas, para isso, é preciso que saibamos cobrar. Pois governo é que nem feijão, só funciona na panela de pressão.
Enfim, que ame Batalha e sua gente. Bem, não acho que estou a esperar demais, mas não custa sonhar. Desejo boa administração! Que João Messias, não seja um salvador da Pátria, mas seja um prefeito que recrie a nossa Esperança!
Pe. Leonardo de Sales.
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